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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia de luto para a diáspora Armênia



Faço aqui um desabafo!

10/10/2009 vai ficar marcado como um dia de luto para os Armênios e para a diáspora, que protestou pelo mundo afora, como pode, para que o presidente Serg Sargyssian não assinasse os protocolos de normalização dos laços econômicos bilaterais. Abdicando que, como pré-condição para estabelecimento de qualquer acordo, a Turquia deveria reconhecer o genocídio de 1915.

Os Armênios sofrem um novo golpe após todos esses anos lutando pela causa Armênia, pelo Genocídio de 1915, pela inviolabilidade territorial de Nagorno kharapagh/ Artsakh.

O Presidente Armênio, que assumiu o cargo em 2008, deixou bem claro ao tomar posse que gostaria de melhorar a Armênia no aspecto econômico, levá-la ao futuro etc. E para que isso acontecesse era óbvia a necessidade de abertura de fronteira com o país que tentou nos dizimar por anos a fio. Acontece que a Turquia é um país aliado do Governo Norte Americano assim como a Armênia. O presidente norte americano Barack Obama em sua campanha eleitoral prometeu o reconhecimento do genocídio aos Armênios de Glandale (cidade com quase 500 mil Armênios e descendentes na Califórnia).

Mas não foi isso que ele fez quando visitou a Turquia e não mencionou a palavra genocídio em junho deste ano, e ainda por cima enviou a Hillary Clinton para intermediar a assinatura dos protocolos em Zurique, na Suíça, na semana passada, por conta da revolta dos Armênios com ele por não ter reconhecido o genocídio.

Houve participação americana, interesse dos americanos, para que o acordo acontecesse, que quer construir um gasoduto que vai passar pela Armênia, Rússia, Turquia e Azerbaijão para abastecer a Europa.


As fronteiras estavam fechadas desde 1993 quando Armênios separatistas e revolucionários tomaram o controle de um território Armênio que foi anexado por Stalin à Turquia, que posteriormente (em algum desses muitos tratados, me desculpem a ignorância) foi integrado ao Azerbaijão, quando da decorrência do fim da antiga União Soviética, e por fim tomado de volta pelos Armênios.Portanto, desde 1993, nenhum diplomata turco pisava em território Armênio. No entanto, no ano passado, pelas eliminatórias européias para a copa do mundo da África do sul, em 2010, Armênia e Turquia se enfrentaram na capital Armênia, Yerevan. O presidente Armênio convidou seu par, o presidente turco, para assistir ao jogo em plena capital. Choveram protestos e críticas na ocasião, mas o presidente Armênio parecia obstinado a reatar as relações diplomáticas.

Diante de todas as manifestações desfavoráveis por parte dos Armênios acerca da assinatura dos protocolos, o presidente disse que ia buscar a opinião dos Armênios da diáspora (COMUNIDADES ARMENIAS FORA DA ARMÊNIA), e realmente o fez. E foi recebido por protestos no Líbano, França, Estados Unidos, e mesmo assim assinou, a contragosto dos interesses do seu povo, tais protocolos. Houve manifestações na Argentina, Uruguai, Chile, Chipre, Grécia e até no Brasil.

Não é  simplesmente o fato de não querermos a abertura das fronteiras, mas sim que até hoje a Turquia não reconhece que cometeu um genocídio.

A lei marcial turca encarcera as pessoas que ousam ir à praça pública dizer que houve o genocídio. Orhan Pamuk, premio Nobel de literatura e de origem turca, teve que se exilar por ter declarado em um dos seus livros e em varias entrevistas, que o genocídio realmente ocorreu.

Mais do que isso, os Armênios não queriam a reabertura das fronteiras pelo fato dos turcos não reconhecerem, até aí não abriríamos! Mas os protocolos que foram assinados humilham os armênios, que tem de abdicar de uma causa de 95 anos, de uma vida toda para participar da economia. Países da Europa tratam como crime o pronunciamento contrário ao genocídio dos Armênios, e seus responsáveis cumprem penas e pagam multa. Na América do Sul vários países já reconheceram o genocídio Armênio. No entanto, no Brasil, por puro lobbysmo partidário, a votação acabou desfavorável ao reconhecimento.

Nós Armênios temos entalado em nossas gargantas o genocídio de 1915, todos os Armênios ao redor do mundo, de todas as gerações após o genocídio sabem da história dos massacres, da marcha para o deserto, os 1.500.000 de mártires, nossas igrejas destruídas, nossa montanha onde Noé aportou roubada, mas nunca iremos desistir de nossos direitos.

Já dizia um sábio Bob Marley: Get Up, Stand Up, Stand up for your rights!

Realmente foi um golpe duríssimo, mas aguardem novos capítulos, e espero que nada de ruim aconteça.
para que quiser saber mais, porque a história é mais em baixo, leia em: http://www.armenia.com.br/

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Carta aberta do jornalista Armen Pamboukdjian ao Prefeito da Cidade de São Paulo, Sr. Gilberto Kassab

Prezado SENHOR Prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab.


Meu nome é Armen Pamboukdjian sou jornalista e membro da coletividade armênia do Brasil.

Venho por meio desta, como tantos outros membros da comunidade Armênia de São Paulo, tentar trazer ao vosso conhecimento o estado de deterioração em que se encontra o monumento em memória aos Mártires Armênios do genocídio de 1915 – 1918 perpetrado pelos turcos otomanos, e que ceifou a vida de mais de 1 Milhão e meio de Armênios.


A construção do monumento em questão, “A Mãe Armênia” foi um presente à comunidade Armênia da diáspora de São Paulo pelo benevolente e benemérito da comunidade Armênia de SP, o comendador Yerchanik Kissajikian .


Mas, infelizmente, no local há mais de uma dezena de moradores de rua (nada contra essas pessoas).


Os problemas começaram anos atrás quando foi construída uma passarela ao lado do monumento, e desde então o local começou a ser depredado, vandalizado e teve suas peças, confeccionadas em cobre, roubadas e saqueadas para serem vendidas, provavelmente, em algum ferro velho da cidade.

O monumento como está hoje, sem suas peças, e em 1989 (quadro menor) com todas as suas peças


No local, ocorre todos os anos, no dia 24 de Abril (data do início dos massacres em 1915) a cerimônia de rememoração ao genocídio acompanhado de ato cívico com presença de personagens ilustres, vereadores, deputados, jornalistas  personagens eclesiásticas etc. Entretanto, em 2010 o nosso ato cívico e protesto pacífico esta seriamente comprometido.

Descendentes de Armênios na manifestação de 24 de Abril diante do monumento

Atualmente,naquele local, existe apenas a pedra preta de mármore, de cerca de 2 metros de altura por 6 de comprimento, cercado por grades, e que serve de varal para roupas de moradores de rua e de abrigo a mendigos, pedintes e usuários de drogas.


O monumento à época que foi construido


Ano que vem (2010) será rememorada uma data peculiar e emblemática: os 95 anos do genocídio Armênio, ao qual tenho certeza que o senhor conhece a História,  acerca do negacionismo turco até os dias de hoje.


O dito monumento está localizado na Avenida Santos Dumont, do lado externo da estação Armênia do Metrô de São Paulo, e que foi recebido com muita honra por todos os Armeno-Brasileiros.


O Governo do Estado na década de 1980 nos agraciou com a alteração do nome da estação de Ponte Pequena para estação Armênia. Bairro em que estão localizadas 3 das nossas igrejas: Apostólica, Católica e a Evangélica, todas no entorno da estação, e local onde abrigou os primeiros imigrantes Armênios.


De forma  respeitosa, nós Armênios de São Paulo gostaríamos de ver esse monumento reformado para receber a nossa manifestação (pacífica, diga-se de passagem) pelo 95° aniversário de rememoração dos Massacres. O povo e a comunidade Armênia e São Paulo (esta ultima estimada em aproximadamente 30.000 pessoas) ficariam honrados e satisfeitos com esse pequeno ato de gratidão do Prefeito para com a cidade com os Armênios que aqui residem.

Em anexo enviarei as fotos do monumento citado, antes e depois.

Aliás, foi feita uma belíssima matéria no site "São Paulo abandonada" pelo jornalista Douglas Nascimento:


Sem mais.

Atenciosamente
Armen Kevork Pamboukdjian